sábado, 28 de março de 2009

Frase do dia

"Não sei de nada, só sinto tudo!....."

quinta-feira, 19 de março de 2009

I started a joke

I started a joke
Which started the whole world crying
But I didn't see
That the joke was on me

I started to cry
Which started the whole world laughing
Oh if I'd only seen
That the joke was on me

I looked at the sky
Running my hands over my eyes
And I fell out of bed
Cursing my head from things that I said

'Till I finally died
Which started the whole world living
Oh if I'd only seen
that the joke was on me

I looked at the sky
Rolling my hands
Over my eyes
And I fell out of bed
Cursing my head
from things that I said

'Till I finally died
Which started the whole world living
Oh if I'd only seen that the joke was on me
Oh no! that the joke was on me
Oh...

Essa música do grupo Bee Gees me remete ao meu processo de individuação: no primeiro momento a sensação é de onipotência e arrogância diante do mundo.
EU SEI TUDO ! TENHO TODAS AS RESPOSTAS!
E nesse jogo ficamos na platéia, assistindo, julgando, dando risadas...
Quando aprofundamos nossas questões nos depararmos com constatação de que " the joke was on me"...

domingo, 8 de março de 2009

Bandolins


Para todos as mulheres, para que busquem o próprio ritmo e acertem o passo da dança da vida. 


 "Ela teimou e enfrentou o mundo se rodopiando ao som dos bandolins."



Bandolins
Oswaldo Montenegro
Composição: Oswaldo Montenegro


Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos Bandolins...

E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim...
Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim
Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins...

Como fosse um lar
Seu corpo a valsa triste
Iluminava e a noite
Caminhava assim
E como um par
O vento e a madrugada
Iluminavam a fada
Do meu botequim...

Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim
Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos Bandolins...




Para acessar a canção, clique no link abaixo:





..

...



....

Apaixone-se



A P A I X O N E - SE
Glácia Daibert
Apaixone-se definitivamente pelo seu sonho:
o sonho de ninguém deve ser mais apaixonante que o seu.
Apaixone-se pelo seu talento,
mesmo que seu senso crítico
insista para você escolher realizar outras coisas, mais "convenientes".
Apaixone-se mais pela viagem do que pela chegada a seu destino,
a primeira é garantida...
Apaixone-se pelo seu corpo,mesmo que ele esteja fora de forma,
pois de "qualquer forma" ele é a única casa que você possui.
Desapaixone-se de seus medos...
Eles minam sua alegria de viver.
Apaixone-se pelas suas memórias,
mais deliciosas,ninguém pode tirá-las de dentro de você
e elas são excelentes fontes de inspiração em momentos de dor.
Apaixone-se por aquelas besteiras saudáveis
que passam por sua mente entre um e outro momento de estresse,
eles ajudam a sobreviver.
Apaixone-se pelo sol: ele é fiel, gratuíto,absolutamente disponível e dá prazer.
Apaixone-se por alguém, não espere alguém se apaixonar antes por você,
só por garantia e segurança.
Apaixone-se pelo seu projeto de vida, acredite, não dá certo fazer isto a dois.
Apaixone-se mais pelo significado das coisas
que você conquistar do que pelo seu valor material.
Apaixone-se por suas idéias,
mesmo que tenham dito que elas não serviam pra nada.
Apaixone-se por seus pontos fortes,
mesmo que os pontos fracos insistam em ficar em alto relevo no seu cérebro.
Apaixone-se pela idéia de ser verdadeiramente feliz,
felicidade encontra-se de sobra nas prateleiras de seus recursos interiores.
Apaixone-se pela música que você pode ser para alguém...
Apaixone-se por ser humano!
Apaixone-se definitivamente por você!
Apaixone-se rápido!
O poder de decisão só pertence a você!
...

Nâo desista e tente quantas vezes forem necessárias.


 

quarta-feira, 4 de março de 2009

Tênis X Frescobol

Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.

Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente.

Dizia ele: ‘Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: ‘Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?\' Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.’


Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ‘Eu te amo, eu te amo...’ Barthes advertia: ‘Passada a primeira confissão, ‘eu te amo\' não quer dizer mais nada.’ É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: ‘Erótica é a alma.’




O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.


O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...


A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá...


Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:
‘Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: ‘Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo\'. A galeria torce e sorri pouco à vontade. Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: ‘Tens razão, minha querida\'. A situação está salva e o ódio vai aumentando.’


Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.


Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...



(Rubem Alves, O Retorno e Terno)
..

terça-feira, 3 de março de 2009

O escorpião e a rã

Essa estória de Rubem Alves traz inúmeras reflexões. Escutei-a pela primeira vez num filme muito maluco, mas ficou na minha lembrança. O nome do filme era Traídos pelo Desejo... não vem ao caso o enredo do filme...ficou a beleza da narrativa, numa época em que eu começava a investigar e vasculhar insights, porquês...e viver na anestesia coletiva...


Hoje minha bússola é meu coração...


Para o deleite e reflexões de vocês, queridos leitores:




"Um dia a floresta pegou fogo.
E incêndio não tem medo de rabo de escorpião!
Só havia um jeito de fugir da morte: era atravessando o rio, para o outro lado.
Os bichos que sabiam nadar pulavam na água, levando seus amigos nas costas.
Mas o escorpião nem tinha amigos, nem sabia nadar.
E não havia ninguém que se arriscasse a oferecer-lhe carona.
.
O escorpião, então, valentia e coragem sumidas ante o fogo que se aproximava, foi forçado a se humilhar.
Dirigiu-se com voz mansa à rã, que se preparava para a travessia:


-Por favor, me leve nas suas costas - ele disse.


-Eu não sou louca. Sei muito bem o que você faz a todos que se aproximam de você - replicou a rã.


-Mas, veja- argumentou o escorpião- eu não posso picá-la com o meu ferrão.
Se o fizesse, você morreria, afundaria, e eu junto, pois não sei nadar.


A rã ponderou que o raciocínio estava certo. Podia ser que o escorpião fosse muito feroz, mas não podia ser burro.
Todo mundo ama a vida. O escorpião não podia ser diferente. Ele não iria matar, sabendo que assim se mataria...
E, como tinha bom coração, resolveu fazer esta boa ação.


-Muito bem. -disse a rã ao escorpião. -Suba nas minhas costas. Vou salvar sua vida...
O escorpião se encheu de alegria, subiu nas costas lisas da rã e começaram a travessia.


-Que coisa -ele pensou- é a primeira vez que me encosto em alguém de corpo inteiro. Antes era só o ferrão... E até que não é ruim.
O corpo da rã é bem maciozinho...


Enquanto isso, a rã ia dando suas braçadas tranqüilas, nado de peito, deslizando sobre a superfície.


-E como é gostoso navegar- continuou o escorpião , nos seus pensamentos. - estes borrifos de água , como são gostosos.
É bom ter a rã como amiga... Estavam bem no meio do rio.


O escorpião olhou para trás e viu a floresta em chamas
. -Se não fosse a rã, eu estaria morto neste momento.


E um estranho sentimento, desconhecido, encheu seu coração: gratidão.
Nem sempre veneno e ferrão são a melhor solução.
A vida estava com a rã, macia e inofensiva que não inspirava medo em ninguém...
Sentiu seu corpo descontrair-se. Achou que a vida era boa... Era bom poder baixar a guarda e descansar.


Voltou-se de novo para trás, para olhar a floresta incendiada.
Mas, ao fazer isto, viu-se refletido, corpo inteiro, na água do rio que brilhava à luz do fogo.
E o que viu o horrorizou: seu rabo, dantes ereto, agora dobrado, desarmado. Escorpião de rabo mole... Todos ririam dele.


E sentiu um ódio profundo da rã.
-Espelho, espelho meu, existe bicho mais terrível que eu? A resposta estava naquele rabo mole, refletido no espelho da água.
E a única culpada era a rã... Sem um outro pensamento, enrijeceu o rabo e o enfiou nas costas da rã...
A rã morreu...
E, com ela, o escorpião.


A estupidez do poder é maior que o amor à vida...(Rubem Alves )




O que será de nós, se estivermos cansados da verdade , da paz e do amor?
A culpa é sempre do outro?
Busquemos sempre essa reflexão:
Aquilo que me incomoda no outro é conteúdo meu, o outro apenas reflete o que não gosto de ver em mim.
Parece fácil essa percepção, mas não é... (Espelho, espelho meu???)
Baixar o rabo de escorpião tem um preço que nem sempre estamos dispostos e prontos a pagar.
Dá um trabalho danado!


Como posso te odiar se me amo?
Como posso te amar se eu me odeio?...


Dedico estas reflexões a um grupo de pessoas muito especiais que fazem parte da minha vida e auxiliam meu crescimento pessoal.
Neles, enxerguei meus medos e pude curar uma criança assustada, que não se entregava...


E lá vou vou eu nas minhas andanças, buscando trilhas e rumos...querendo simplesmente chegar...


"Quem beber dessa água, nunca mais terá sede..."

domingo, 1 de março de 2009

Vista cansada




Vista cansada
Otto Lara Resende

Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.
Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

Texto publicado no jornal "Folha de S. Paulo", edição de 23 de fevereiro de 1992.









Crescimento interior




Paw Nokoko fala do crescimento interior:




"Toda noite um grilo cantava no jardim da casa de Paw Nokoko. Boundha irritado, perguntou:




- Mestre, por que este grilo chato canta sempre a mesma coisa?




- Poque você é sempre o mesmo, respondeu Paw Nokoko."




(Trecho do livro: O Dragão com asas de borboleta e outras estórias zen-taoístas - Prashanto)



...